segunda-feira, 6 de abril de 2015

A arte de aturar idiotas

(baseado no artigo “A arte de escrever para idiotas”, de Marcia Tiburi e Rubens Casara. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2015/04/a-arte-de-escrever-para-idiotas/)


Primeiramente dedico esse post a todas as pessoas que não lerão esse texto, mas que mesmo assim, serão amplamente majoritárias ao proferir insultos e comentários maldosos explícitos ou não, publicados ou não. Aqui, incluem-se fakes, figuras públicas: políticos ou não, aspirantes ou não; google’s’intelectuais, idiotas mesmo de plantão, desses de facebook principalmente.

Segundamente gostaria de dedicar a mim. Isso mesmo, a mim. Não só pelo fato de aturar idiotas (vezes sim, vezes não), mas também por certas horas agir como um, afinal, faz parte da reflexão, e o meu estado de espírito permite-me autocritica.

Por último, gostaria de dedicar esse post a todas as pessoas que anonimamente ou não, proferiram insultos sem nenhum caráter de criticidade, atribuindo a mim adjetivos ou frases descomedidas, do tipo: “tu é da panelinha”, blogueiro de “meia tijela”, você quer “mamar”, petista “corrupto”, “vai te fuder”, “vai trabalhar”, “fofoqueiro”, “bixa irrustida” e coisas do gênero. Muita gente ri, e vê como piada. Eu prefiro parar, refletir, e começar a pensar.

Comecemos, portanto, analisando o significado de idiota: “diga-se, antes de mais nada, que o termo idiota aqui empregado guarda algo de seu velho uso psiquiátrico. Etimologicamente, “idiota” tem relação com aquele que vive fechado em si mesmo. Na psiquiatria, a idiotia era uma patologia gravíssima e que, em termos sociais, podemos dizer que continua sendo”.

Viver fechado em si mesmo em tempos de facebook, a rede social oficial do “tribunal da ‘santa’ inquisição contemporânea?” Sim. Elementar, mais do que nunca. Outro dia desses, nessa mesma rede social, compartilhei do mesmo pensamento de Menalton Braff. Disse que hoje em dia todo mundo tem opinião. Questionei-me do mal que isso pode causar, não encontrei nenhum, todavia, alertemo-nos que o grande problema da internet é que muita gente lê a enxurrada de bobagens não como opinião, mais como conhecimento. Eis o dilema!

Pensamentos reacionários, palavrões, opiniões, comentários ruins e desnecessários sempre existiram, mas a arte de aturar, ou até mesmo ser um idiota, pressupõe o fato de que muitos “idiotas vem se especializando ao longo do tempo e seus artistas passam da posição de retóricos de baixa categoria para príncipes dos meios de comunicação de massa”.
Assim, encontramos alguns tipos de idiotas, vejamos alguns:

1- O Idiota de raiz é fruto de um determinismo: ele não pode deixar de ser idiota. Seja em razão da tradição em que está inserido ou de um déficit cognitivo, trata-se de um idiota autêntico.
O Idiota de raiz divide-se em três subtipos:

1. 1 – Ignorante orgulhoso: não se abre à experiência do conhecimento. Repete clichês introduzidos no cotidiano pelos meios de informação que ele conhece, a televisão e os jornais de grande circulação, em que a informação é controlada. Sua formação é “midiatizada”, mas ele não sabe disso e se orgulha do que lhe permitem conhecer. No limite, o ignorante orgulhoso diz “sou fascista”, sem conhecer a experiência do fascismo clássico da década de 30 e o significado atual da palavra, assim como é capaz de defender sem razoabilidade alguma ideias sobre as quais ele nada sabe. Um exemplo muito atual: apesar da violência não ter diminuído nos países que reduziram a maioridade penal, a ignorância da qual se orgulha o idiota, o faz defender essa medida como solução para os mais variados problemas sociais.  Ele se aproxima do “burro mesmo” enquanto imita o representante do conhecimento paranoico, apresentados a seguir.

1.2 – “Burro mesmo”: não há muito o que dizer. Mesmo com informação por todos os lados, ele não consegue juntar os pontinhos. Por exemplo: o “burro mesmo” faz uma manifestação “democrática” para defender a volta da ditadura. Para bom entendedor, meia palavra…

1.3 – Representante do conhecimento paranoico: tendo estudado ou sendo autodidata, o representante do conhecimento paranoico pode ser, sob certo aspecto, genial. Freud comparava, em sua forma, a paranoia a uma espécie de sistema filosófico. O paranoico tem certezas, a falta de dúvida é o que o torna idiota. Se duvidasse, ele poderia ser um filósofo. O conhecimento paranoico cria monstros que ele mesmo acredita combater a partir de suas certezas. O comunismo, o feminismo, a política de cotas ou qualquer política que possa produzir um deslocamento de sentido e colocar em dúvida suas certezas, ocupa o lugar de monstro para alguns paranoicos midiaticamente importantes.

Encontrou alguma semelhança com algum ‘amigo’? Normal, idiotas estão por toda parte, por que não no facebook? E lembrem-se, posso aqui me incluir.

Mais falemos de outros idiotas, principalmente aqueles que tratam como idiotas todo mundo que não concorda com as idiotices defendidas. Esses, mais do que eu, precisam urgentemente sair dos adornos que lhes acobertam, e refletir que vivemos em um pais em que o livre arbítrio, a forma de pensar, agir ou escrever não deve ser observada como apêndice para insultar ódios e mentiras.

É necessário ter a clareza de que a mente humana não é, e nunca foi e nunca será imparcial, ou apartidária, como muitos dizem ser, ou agir. Qualquer calouro de humanas, ou mesmo jornalismo, ou mesmo um idiota conformado deve saber disso. O problema, porém, é que quando nos expomos ao escrever e refletir sobre algo, somos taxados com todos os estereótipos possíveis, por idiotas. Aí, atacam. O diferencial é que atacam com limitação argumentativa. Apelam, soltam palavrões, ofendem, propagam inverdades, e nessa linha de pensamento o Ministro da Propaganda do governo Hitler foi exper: “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.

Não peço piedade, mesmo que barata. Não quero persuadir sentimentalismos, mesmo que coerentes. Quero aqui afirmar que eu, Robson, comungo de ideais que podem ser questionáveis. E garanto o direito de discordarem. Agora o que não garanto, não comungo e nunca garantirei/comungarei são atitudes medíocres que empobrecem o discurso, que insultam o ódio, a intolerância e o preconceito, e não dão a devida reflexão a uma opinião alheia: “maior do que o confronto reducionista entre direita e esquerda, desenvolvimentistas e ecologistas, governistas e oposicionistas, entre machistas e feministas, homofóbicos e heterofóbicos, parece ser o que envolve os que pensam e os que não pensam. Sem pensamento não há diálogo possível, nem emancipação em nível algum”.

Conteste. Se não contestar dependendo do seu nível de reflexão poderá estar sendo um idiota, todavia, mesmo que em tese não haveria mal algum em ser um, o problema é quando muita gente se especializa nisso a vida toda.

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