(baseado no artigo “A arte de escrever para idiotas”, de Marcia Tiburi e Rubens Casara. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2015/04/a-arte-de-escrever-para-idiotas/)
Primeiramente dedico esse post a todas as pessoas
que não lerão esse texto, mas que mesmo assim, serão amplamente majoritárias ao
proferir insultos e comentários maldosos explícitos ou não, publicados ou não.
Aqui, incluem-se fakes, figuras públicas: políticos ou não, aspirantes ou não;
google’s’intelectuais, idiotas mesmo de plantão, desses de facebook
principalmente.
Segundamente gostaria de dedicar a mim. Isso mesmo,
a mim. Não só pelo fato de aturar idiotas (vezes sim, vezes não), mas também
por certas horas agir como um, afinal, faz parte da reflexão, e o meu estado de
espírito permite-me autocritica.
Por último, gostaria de dedicar esse post a todas
as pessoas que anonimamente ou não, proferiram insultos sem nenhum caráter de
criticidade, atribuindo a mim adjetivos ou frases descomedidas, do tipo: “tu é
da panelinha”, blogueiro de “meia tijela”, você quer “mamar”, petista
“corrupto”, “vai te fuder”, “vai trabalhar”, “fofoqueiro”, “bixa irrustida” e
coisas do gênero. Muita gente ri, e vê como piada. Eu prefiro parar, refletir,
e começar a pensar.
Comecemos, portanto, analisando o significado de
idiota: “diga-se, antes de mais nada, que o termo idiota
aqui empregado guarda algo de seu velho uso psiquiátrico. Etimologicamente,
“idiota” tem relação com aquele que vive fechado em si mesmo. Na psiquiatria, a
idiotia era uma patologia gravíssima e que, em termos sociais, podemos dizer
que continua sendo”.
Viver fechado em si mesmo em tempos de facebook, a rede
social oficial do “tribunal da ‘santa’ inquisição contemporânea?” Sim.
Elementar, mais do que nunca. Outro dia desses, nessa mesma rede social,
compartilhei do mesmo pensamento de Menalton Braff. Disse que hoje em dia todo mundo tem opinião.
Questionei-me do mal que isso pode causar, não encontrei nenhum, todavia,
alertemo-nos que o grande problema da internet é que muita gente lê a enxurrada
de bobagens não como opinião, mais como conhecimento. Eis o dilema!
Pensamentos reacionários, palavrões, opiniões, comentários
ruins e desnecessários sempre existiram, mas a arte de aturar, ou até mesmo ser
um idiota, pressupõe o fato de que muitos “idiotas
vem se especializando ao longo do tempo e seus artistas passam da posição de
retóricos de baixa categoria para príncipes dos meios de comunicação de massa”.
Assim, encontramos alguns tipos de idiotas, vejamos alguns:
1- O Idiota de raiz é
fruto de um determinismo: ele não pode deixar de ser idiota. Seja em razão da tradição
em que está inserido ou de um déficit cognitivo, trata-se de um idiota
autêntico.
O
Idiota de raiz divide-se em três subtipos:
1. 1 – Ignorante
orgulhoso:
não se abre à experiência do conhecimento. Repete clichês introduzidos no
cotidiano pelos meios de informação que ele conhece, a televisão e os jornais
de grande circulação, em que a informação é controlada. Sua formação é
“midiatizada”, mas ele não sabe disso e se orgulha do que lhe permitem
conhecer. No limite, o ignorante orgulhoso diz “sou fascista”, sem conhecer a
experiência do fascismo clássico da década de 30 e o significado atual da
palavra, assim como é capaz de defender sem razoabilidade alguma ideias sobre
as quais ele nada sabe. Um exemplo muito atual: apesar da violência não ter diminuído
nos países que reduziram a maioridade penal, a ignorância da qual se orgulha o
idiota, o faz defender essa medida como solução para os mais variados problemas
sociais. Ele se aproxima do “burro mesmo” enquanto imita o representante
do conhecimento paranoico, apresentados a seguir.
1.2 – “Burro mesmo”: não
há muito o que dizer. Mesmo com informação por todos os lados, ele não consegue
juntar os pontinhos. Por exemplo: o “burro mesmo” faz uma manifestação
“democrática” para defender a volta da ditadura. Para bom entendedor, meia
palavra…
1.3 – Representante do
conhecimento paranoico:
tendo estudado ou sendo autodidata, o representante do conhecimento paranoico
pode ser, sob certo aspecto, genial. Freud comparava, em sua forma, a paranoia
a uma espécie de sistema filosófico. O paranoico tem certezas, a falta de
dúvida é o que o torna idiota. Se duvidasse, ele poderia ser um filósofo. O
conhecimento paranoico cria monstros que ele mesmo acredita combater a partir
de suas certezas. O comunismo, o feminismo, a política de cotas ou qualquer
política que possa produzir um deslocamento de sentido e colocar em dúvida suas
certezas, ocupa o lugar de monstro para alguns paranoicos midiaticamente
importantes.
Encontrou
alguma semelhança com algum ‘amigo’? Normal, idiotas estão por toda parte, por
que não no facebook? E lembrem-se, posso aqui me incluir.
Mais
falemos de outros idiotas, principalmente
aqueles que tratam como idiotas todo mundo que não concorda com as idiotices
defendidas. Esses, mais do que eu, precisam urgentemente sair dos adornos
que lhes acobertam, e refletir que vivemos em um pais em que o livre arbítrio,
a forma de pensar, agir ou escrever não deve ser observada como apêndice para
insultar ódios e mentiras.
É
necessário ter a clareza de que a mente humana não é, e nunca foi e nunca será imparcial,
ou apartidária, como muitos dizem ser, ou agir. Qualquer calouro de humanas, ou
mesmo jornalismo, ou mesmo um idiota conformado deve saber disso. O problema,
porém, é que quando nos expomos ao escrever e refletir sobre algo, somos
taxados com todos os estereótipos possíveis, por idiotas. Aí, atacam. O
diferencial é que atacam com limitação argumentativa. Apelam, soltam palavrões,
ofendem, propagam inverdades, e nessa linha de pensamento o Ministro da
Propaganda do governo Hitler foi exper: “uma
mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.
Não
peço piedade, mesmo que barata. Não quero persuadir sentimentalismos, mesmo que
coerentes. Quero aqui afirmar que eu, Robson, comungo de ideais que podem ser
questionáveis. E garanto o direito de discordarem. Agora o que não garanto, não
comungo e nunca garantirei/comungarei são atitudes medíocres que empobrecem o
discurso, que insultam o ódio, a intolerância e o preconceito, e não dão a
devida reflexão a uma opinião alheia: “maior do que o confronto reducionista entre
direita e esquerda, desenvolvimentistas e ecologistas, governistas e
oposicionistas, entre machistas e feministas, homofóbicos e heterofóbicos, parece ser o que envolve os que pensam e os que não pensam. Sem
pensamento não há diálogo possível, nem emancipação em nível algum”.
Conteste. Se não contestar dependendo do seu
nível de reflexão poderá estar sendo um idiota, todavia, mesmo que em tese não haveria
mal algum em ser um, o problema é quando muita gente se especializa nisso a
vida toda.
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